segunda-feira, 25 de maio de 2009

Às vezes as palavras não querem dizer nada

Impressionante como cada palavra que ela dizia parecia sair de um dialeto longínquo, de algum lugar nos cafundós do mundo. No fundo ela sabia que eu não prestava atenção a nada do que ela insistia em dizer, mas a ânsia por despejar o vocabulário que para mim parecia mais uma sopa de letrinhas desordenadas, era maior que o próprio desejo de se fazer entendida.

Eu nem sequer disfarçava, não mostrava interesse. Era mais uma das vezes que ao final da ladainha ela chegaria à conclusão de que aprendera com a própria experiência e eu servi mais como uma paisagem do que como ouvinte.


Do que ela falava? Não sei. Não prestei atenção.



Somos felizes assim. Como o passar do tempo eu aprendi que nem sempre ela queria ouvir a minha opinião. Queria apenas desabafar, mas queria fazer isso na minha frente – talvez para se sentir segura – e mesmo conivente com a minha indiferença consentida, ao final de cada sermão seus olhos brilhavam quando eu dizia: “Você é linda, assim como está agora”.

Nós somos felizes desse jeito. Talvez porque eu nunca tentei decifrá-la por inteiro, porque decidi compreender ao invés de apenas rotular ou adequar ao meu modo de ver as coisas.

Felizes assim. Mesmo eu não entendendo uma palavra do que ela diz – às vezes , porque eu não entendo dialetos dos cafundós do mundo.

2 Fala que eu te escuto:

Roberto Kamarad disse...

Às vezes, entender é mais difícil do que ser entendido.

Boa, mano!

abs

DB® disse...

Pior é quando é impossível se fazer entender por total falta de entendimento da outra parte.......

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