sexta-feira, 23 de abril de 2010

UM MUNDO ALÉM DOS SEUS OLHOS


Olhar perdido, como se estivesse desistido da vida. Mais parece que a vida desistiu dele. Suas roupas parecem nunca terem sido lavadas. Seu cheiro é forte, dá náuseas.

Se eu que passo ao lado deste homem sentado, em frente a uma loja de portas fechadas, me incomodo com o cheiro, como ele consegue conviver com esse odor insuportável?


Pergunta mais idiota. O que menos importa para este homem de barbas longas e emaranhadas é o seu cheiro. A fome estampa seu semblante abatido. Não come há dias.


É comum vê-lo pedir esmolas e ouvir “não vou te dar dinheiro porque você vai comprar cachaça”. Estes mais pobres que ele, pois não entendem que muitas vezes o álcool distrai o estômago e a mente. O faz esquecer por alguns instantes de que a sarjeta é o seu lar. Ele está só.


Este ser caiu na maior cilada da vida, tornou-se parte do cenário, um objeto de decoração nas ruas, tal qual lixeiras, postes, sarjetas, moedas no chão.


Foram pouco mais de 5 segundos observando aquela figura intrigante, enquanto eu ia para algum lugar, vindo de não sei onde. Mas no meio do caminho me perdi numa realidade tão presente que se torna banal.


Ele não tem nome, mas com certeza tem uma história.


1 Fala que eu te escuto:

Ana Carolina Souza disse...

Cacete Tiiii!!!Não entrava no seu blog há um tempão.Sensacional o texto!Parabéns!

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